Dr. Horacio Dorigan Moya com a aluna de iniciação científica da FMABC, Mônica Gabriela do Santo.

FMABC analisa espécies vegetais em parceria inédita com o INPA

Medicina ABC e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia desenvolvem método pioneiro para determinar teor de polifenois em extratos vegetais

A parceria pioneira entre Faculdade de Medicina do ABC e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (IN PA), do Governo Federal, acaba de gerar resultados positivos. As instituições desenvolveram novo método – mais simples e mais barato – para determinar o teor total de polifenois em espécies vegetais, ou seja, o potencial de benefícios dessas plantas à saúde. O processo de quantificação baseia-se em reação química ainda não utilizada para essa finalidade, agora testada com sucesso em 20 espécies – algumas nativas da Amazônia.

Os extratos vegetais são ricos em antioxidantes como carotenos, fitoestrogênios e polifenois. São compostos capazes de remover radicais livres do organismo, que em excesso podem atacar células normais e gerar danos em biomoléculas como proteínas e DNA, ocasionando determinados tipos de câncer, doenças cardiovasculares e patologias relacionadas ao envelhecimento. Devido à complexidade e à diversidade dos compostos presentes nos vegetais, normalmente determina-se o teor total de polifenois. “Os polifenois são substâncias benéficas ao sistema cardiovascular devido a ações antioxidantes, antimicrobianas, anti-inflamatórias e até mesmo antitumorais. Como regra geral, quanto maior a quantidade de polifenois nos alimentos, maiores os benefícios que podem trazer à saúde”, explica o professor titular de Química Analítica da Faculdade de Medicina do ABC, Dr. Horacio Dorigan Moya, que orientou o trabalho junto à aluna de Farmácia, Mônica Gabriela do Santo.

Dr. Horacio Dorigan Moya com a aluna de iniciação científica da FMABC, Mônica Gabriela do Santo.


Na reação química desenvolvida no trabalho da FM ABC/INPA, utilizou-se reagente de coloração amarela contendo composto de ferro. Na presença de polifenois, a solução muda gradativamente para a cor vermelha. “É nosso primeiro trabalho em colaboração com o INPA e estamos muito satisfeitos, pois certamente será o início de parceria com efetiva cooperação acadêmica e eventual intercâmbio de alunos”, projeta Moya.

Ao todo foram analisadas 20 espécies vegetais. Inicialmente os testes com o novo método contemplaram plantas que já constam da Farmacopeia Brasileira (tipo de manual geral de orientação), como hamamelis, barbatimão, espinheira santa e carqueja. A segunda etapa incluiu espécies de uso comum na medicina popular, entre as quais graviola, guaçatonga, aroeira, gervão, tanchagem, andiroba e porangaba. A última fase do trabalho consistiu no estudo de espécies características da região norte do país, como escada de jabuti, canarana, cumaru, pau pereira, salva de Marajó, sucuúba, jatobá, miraruira e lacre – essa última com muito poucas pesquisas disponíveis na literatura internacional.

Batizado “A new method for quantification of total polyphenol content in medicinal plants based on the reduction of Fe(III)/1,10-phenan-throline complexes”, o trabalho rendeu publicação no periódico científico internacional “Advances in Biological Chemistry” (vol. 3, número 6, páginas 525-535). Trata-se de revista publicada pela Scientific Research Publishing – editora internacional dedicada a várias disciplinas nas áreas de ciência, tecnologia e medicina-, cujo conteúdo está disponível gratuitamente no endereço http://www.scirp.org/journal/abc.