Vista aérea da Cerâmica Cerqueira Leite no final dos anos 1970. Foto: AMF: Acervo Moacyr Ferrari sob guarda do Museu Barão de Mauá. Data: aprox. 1978.

Mauá 67 anos: curiosidades da sua História

Em 8 de dezembro próximo, Mauá comemorará oficialmente 67 anos de existência, enquanto município autônomo e independente. Antes de tornar-se o pujante município que conhecemos hoje, teve como seu primeiro nome Pilar, alterado para Mauá em 1926; seu território já foi parte integrante de São Paulo, depois de São Bernardo e por fim, Santo André. Sua origem está inserida no contexto das fazendas instaladas no entorno da Capela de Nossa Senhora do Pilar entre os séculos XVII e XVIII.

Uma das curiosidades sobre a história local, reside nas observações acerca dos processos que versam sobre a real data de aniversário e consequentemente, sobre a quantidade exata de anos que tem o município. Para alguns, o aniversário deveria ser comemorado em 22 de novembro (data do plebiscito emancipatório), contados a partir de 1953. Somente com a posse dos primeiros vereadores e do primeiro prefeito em 1º de janeiro de 1955 é que o município de Mauá foi oficialmente instalado. Sobre o dia 8 de dezembro, a data foi aprovada levando-se em consideração uma tradição católica em alusão ao dia da padroeira Imaculada Conceição, comemorada no dia 8 de Dezembro.

A votação final do plebiscito de 22 de novembro de 1953 concedeu a liberdade para Mauá com 658 votos pelo SIM, 7 votos pelo NÃO, com 5 votos brancos e nulos que garantiram a independência dos mauaenses. Dentre os 7 sufrágios contrários, dois foram historicamente reconhecidos: Elio Bernardi e Luis Alesina teriam votado contra; o primeiro por entender que perderia espaço e prestígio político (o que não aconteceu), e o segundo por entender as dificuldades inerentes à instalação do novo município. Elio Bernardi foi prefeito de Mauá em duas oportunidades, enquanto que Alesina foi secretário no primeiro governo autônomo e vereador da cidade na década de 1970.

A ocupação territorial e a definição dos limites

A ocupação humana do território em que está localizado a cidade ocorreu de forma lenta até o início dos anos 1950, quando a partir de então, com o crescimento industrial e a consequente demanda por mão de obra, Mauá conheceu um aumento substancial em sua demografia, trazendo consigo os problemas inerentes à maneira desordenada adotada como modelo de desenvolvimento. Essa ocupação foi redesenhando o mapa da cidade, pressionando inclusive na definição de suas linhas limítrofes com os outros municípios.

O território antes coberto por densa floresta de Mata Atlântica foi abrindo espaço para olarias, pedreiras, indústrias, campos, igrejas, bairros, ruas e avenidas; a população que era de aproximadamente 2.000 pessoas em 1940 saltou para mais de 200 mil habitantes cinquenta anos depois. Crescendo e ocupando as áreas limites, mais distantes do centro, como as que hoje fazem divisa em vários pontos das “fronteiras” com as cidades de Ribeirão Pires, Santo André e São Paulo, muitas das quais ainda em situação geográfica indefinida, como no caso de área próxima à Avenida Cidade de Mauá, que consta como Mauá, mas tributado pelo município de São Paulo.

O grande município vizinho relutou em aceitar perder mais um de seus distritos (como ocorrera com São Bernardo e São Caetano pouco antes), esforçando-se de todas as formas para impedir que Mauá obtivesse sua autonomia. Logo após a vitória do Sim! a favor da emancipação, Santo André entrou com recurso no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o plebiscito e a lei que legalizava a criação de novos municípios. Mas não teve jeito, a decisão foi mantida e o grande ABC ganhava mais um município.

Todavia, a “Pavlistarvm Terra Mater” Santo André esforçou-se em diminuir a perda total do ex-distrito, utilizando-se de sua força e influência para manter parte do território. Quando das tratativas para o estabelecimento das linhas divisórias entre os municípios, uma manobra do então prefeito Santoandreense Antonio Flaquer, garantiu que sua cidade mantivesse uma área que originalmente deveria pertencer a Mauá (localizada onde hoje é o Viaduto Cassaquera e a empresa Pirelli).

A “Terra da Porcelana” ainda tentaria, em vão, recuperar o território perdido para Santo André através de pressões políticas junto aos órgãos estaduais, mas a divisa de Mauá com seu vizinho, que deveria ser no Ribeirão Cassaquera, próxima do viaduto, teve como referência geográfica o Rio Itrapoã, definindo assim uma disputa territorial que rendeu ao vizinho município, mais alguns metros em sua extensão e recursos tributários advindos das grandes empresas ali instaladas.